Mais uma dor de cabeça para a Netflix: a AHEDA, associação que representa estúdios como Warner Bros., Sony Pictures e Universal na Austrália, quer que a empresa impeça o acesso aos seus serviços a partir de meios “alternativos”, especialmente VPNs (Virtual Private Network).
Como os acordos de licenciamento são regionais, o acervo de filmes e séries da Netflix varia de país para país. Determinada produção pode estar disponível no catálogo norte-americano, por exemplo, mas não na versão brasileira do serviço.
Para burlar este tipo de limitação, muitos usuários fazem a sua conexão parecer vir de uma região autorizada. Para tanto, eles recorrem principalmente a serviços de VPN e proxy, que “encobrem” o IP original da conexão com um endereço válido.
Esta “artimanha” funciona bem, tanto que, segundo estimativas da AHEDA, é utilizada por cerca de 200 mil pessoas para acessar a Netflix norte-americana. E isso só na Austrália – o país ainda não conta com versão local do serviço.
É um número tão expressivo que os estúdios de cinema começaram a fazer “lobby” para convencer a Netflix a adotar medidas mais restritivas. Um dos argumentos da AHEDA é o de que esta prática prejudica a livre concorrência no país: os acessos via VPN ou proxy não geram pagamento de royalties aos distribuidores locais.
Bom, é um problema dos usuários australianos, certo? Errado! Se a Netflix implementar alguma forma de bloqueio aos acessos “alternativos”, estará impedindo também que usuários de outros países utilizem a versão norte-americana do serviço. É tudo o que a indústria do cinema quer: o catálogo dos Estados Unidos é muito acessado por usuários de fora por ser o mais completo.
Mesmo que a Netflix queira, não é fácil resolver este problema. Conforme explica oTorrentFreak, meses atrás, o Hulu bloqueou IPs associados aos principais serviços de VPN para coibir o acesso de estrangeiros ao seu acervo. Deu certo, só que a medida também impediu o acesso de milhares de usuários americanos legítimos que utilizam VPN para reforçar a sua segurança online (ou por qualquer outro motivo).
Apesar das numerosas reclamações, o Hulu manteve o bloqueio. Mas a Netflix, provavelmente, não irá querer seguir por este caminho: a sua base de assinantes é várias vezes maior, portanto, as reações tendem a ser muito mais impactantes.
Como a companhia está lidando com a solicitação da AHEDA é um mistério: até agora, a Netflix não fez nenhum pronunciamento sobre o assunto.