O cenário econômico favorável vai permitir que o Brasil tenha um crescimento maior da internet nos próximos quatro anos do que a média mundial. Para o diretor de Operadoras da Cisco do Brasil, Rodrigo Dienstmann, o crescimento econômico do País é um dos principais responsáveis pela ampliação no tráfego em 8,4 vezes até 2016, enquanto a média de crescimento global deve ser de apenas quatro vezes. Para ele, o consumidor comum será o principal responsável por esse aumento, já que a maioria das empresas hoje já estão conectadas.
“Existe um movimento de migração das classes D e E para a classe C. Essas pessoas começam a comprar seus primeiros smartphones e notebooks”, afirma o executivo. Segundo ele, o balanço divulgado nesta semana pela Cisco, que indica que o Brasil terá um crescimento anual de 53% na internet, já leva em conta as circunstâncias do País. “O mercado de telecomunicações, os investimentos, o número de operadoras já foram levadas em consideração na pesquisa, o que indica que a infraestrutura pode segurar esse aumento”, disse.
A pesquisa Cisco Visual Networking Index, que prevê e analisa o crescimento de redes IP (Internet Protocol) e as tendências globais, foi divulgada nesta semana e mostrou números bastante otimistas para o País. Segundo o estudo, o tráfego de internet no Brasil alcançará 3,5 exabytes (ou 3,5 bilhões de gigabytes) por mês em 2016. Para o executivo da Cisco, os principais responsáveis pelo aumento do tráfego serão o número de dispositivos, a banda larga com velocidade mais rápida e o aumento do número de usuários e no conteúdo disponível, principalmente o consumo de vídeos, que exige mais banda.
O estudo prevê um aumento também no número de dispositivos e nos usuários conectados. No Brasil, serão 617 milhões de aparelhos conectados até 2016, segundo a estimativa da Cisco, o que equivale a três aparelhos por pessoa – contra os 332 milhões em 2011, ou 1,7 por pessoa. Haverá 98 milhões de usuários de internet em 2016 no País, frente aos 61 milhões em 2011. Globalmente, haverá aproximadamente 18,9 bilhões de dispositivos como computadores, tablets e smartphones – quase 2,5 conexões para cada pessoa no planeta – contra os 10,3 bilhões registrados em 2011. O número de internautas deve crescer para 3,4 bilhões de pessoas, 45% da população mundial.
Banda larga
O Brasil, no entanto, deve apresentar um crescimento menor na velocidade de banda larga que o resto do planeta até 2016. Segundo as estimativas da Cisco, a velocidade média da banda larga brasileira deve passar dos atuais 4,9 megabytes por segundo (Mbps) para 14 Mbps nos próximos anos, enquanto globalmente esse número fica em 35 Mbps. Segundo Dienstmann, a penetração da banda larga no Brasil é menor que a média mundial. “As operadoras têm investido no aumento da velocidade média. Mesmo que não haja aumento absoluto muito grande no número de usuários”, afirmou.
Outro dado que chama a atenção nas estimativas da Cisco é a velocidade da banda larga móvel, que na média não deve passar de 2 Mbps em 2016. Segundo o diretor da companhia, mesmo que o Brasil esteja em processo de implantação das frequências de telefonia de quarta geração – o que pode, em tese, aumentar em até 10 vezes a velocidade da internet móvel, o crescimento maior em quantidade de usuários será nas frequências mais baixas. “As velocidades que vão estar disponíveis vão ser muito maiores, mas a média vai ser baixa, pois esses dados levam em conta desde o usuário que usa smartphone com internet pré-paga até o que tem uma conexão LTE em uma cidade-sede da Copa”, afirmou.
Para ele, a questão central para o crescimento da internet, tanto no Brasil quanto no mundo, é a proliferação de redes Wi-Fi para que as pessoas consigam consumir dados em smartphones e tablets em mais lugares, sem depender das redes móveis. “O tráfego cresce oito vezes, mas a receita para banda larga movel, não. A adoção do Wi-Fi é um dos fatores mais importantes nesse crescimento, para alívio das redes moveis”, afirmou.