Thiago Sabaia

Em queda livre, bitcoins já perderam mais de US$ 50 bilhões nas últimas semanas

BERLIN, GERMANY - FEBRUARY 15: In this photo illustration model Bitcoins standing in front of Dollar bills on February 15, 2016 in Berlin, Germany. (Photo Illustration by Thomas Trutschel/Photothek via Getty Images)

Esta sexta-feira (02) representa mais um capítulo triste em uma história já bastante dramática para investidores e entusiastas das bitcoins. As moedas virtuais passam por mais uma sequência de desvalorização, que já acumula mais de 15% nas últimas 24 horas e perdas que ultrapassam US$ 50 bilhões desde o início de 2018.

A situação se torna ainda mais complicada quando se olha o valor completo do mercado de criptomoedas, onde as perdas já ultrapassam a marca dos US$ 120 bilhões. Como uma das principais moedas virtuais em operação no mundo, a queda vertiginosa das bitcoins leva consigo praticamente todas as outras modalidades, aumentando ainda mais o pânico generalizado.

Entre as dez mais utilizadas do mundo, a NEM parece ser a que mais está sofrendo. No momento em que esta reportagem é escrita, ela opera com baixa de 21,6%, seguida pela cardano, que tem desvalorização de 19,8%. A ethereum, segunda maior criptomoeda do mundo, tem perdas de 16,3%, enquanto o bitcoin cash e a stellar caíram 13% cada.

Motivos

O acúmulo de más notícias sobre banimento e regulações mais duras é o motivador desse movimento depressivo. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi anunciada a abertura de uma investigação sobre o câmbio Bitfinex, o terceiro maior em operações no mundo, e a moeda virtual gerenciada pela empresa, a tether.

As autoridades suspeitam que a empresa descumpriu a salvaguarda de balancear a emissão da moeda com suas reservas financeiras. A tether tem cotação equivalente à do dólar e uma salvaguarda da Bitfinex de que novas unidades somente seriam criadas de acordo com o dinheiro possuído pela empresa, Hojem são 2,3 bilhões de tokens, mas o governo duvida que a companhia tenha US$ 2,3 bilhões em seus cofres.

As controvérsias em relação à tether e à Bitfinex, entretanto, vêm desde dezembro, quando Chris Ellis, um dos funcionários do câmbio, removeu de seu perfil do Twitter o chamado “canário de garantia”. O símbolo de um pássaro é usado em redes sociais como uma forma sutil de burlar regras de sigilo, que impedem investigados de falarem abertamente sobre isso quando estiverem sendo alvo de inquéritos – ele permanece visível se está tudo bem e é retirado como forma de alertar quando um escrutínio oficial está em andamento.

A abertura de uma investigação sobre a Bitfinex e a tether foi finalmente confirmada nesta semana pela CFTC, órgão regulador que trabalha com a negociação de futuros e commodities nos Estados Unidos. As autoridades não falaram sobre o teor das análises, afirmando apenas que elas estão em andamento, principalmente sobre a relação entre as reservas financeiras da empresa e a quantidade de moedas emitidas.

Berlinda asiática

O reforço na regulação estatal também foi assunto do outro lado do mundo. Na quarta-feira (31), entraram em vigor na Coreia do Sul regras que obrigam investidores e operadores de qualquer modalidade de moedas virtuais a apresentarem identidade oficial para a realização de transações. Além disso, contas bancárias reais precisam ser atreladas às carteiras virtuais para que a negociação aconteça.

Na notícia que mais agrediu o mercado, entretanto, as autoridades sul-coreanas impediram o acesso ao mercado local por operadores estrangeiros de criptomoedas. A alta demanda do território pelas bitcoins e outras categorias fazem com que os valores, na Coreia do Sul, sejam maiores do que no restante do mundo. A medida aplicada pelo governo serve para conter a especulação e evitar o abuso da situação local.

Enquanto isso, na Índia, o ministério da economia disse não reconhecer as criptomoedas como uma categoria financeira legítima e que vai tomar medidas para eliminar sua utilização para crimes financeiros. A preocupação, assim como na Coreia do Sul, é com a incidência de sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, golpes online e evasão fiscal.

Apesar de não ter falado em medidas nem em um possível banimento do dinheiro virtual por lá, o mercado agiu como se isso tivesse acontecido. A Índia não é necessariamente um dos países mais ativos na negociação das moedas virtuais, mas o tamanho de sua população torna este um mercado extremamente importante para a ascensão e popularização da modalidade.

Como sempre, a expectativa é de uma interrupção na enxurrada de más notícias, pelo menos durante o fim de semana, para que o mercado de moedas virtuais possa se estabilizar. Cada vez mais, entretanto, as quedas sucessivas fazem aumentar o burburinho, principalmente em redes sociais e círculos de analistas, sobre o tão falado “estouro da bolha”.

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