Por que a Netflix está apostando tanto no HDR? Entenda

A Netflix já está presente em 190 países e reúne quase 75 milhões de usuários em todo o mundo. O serviço de streaming é, sem dúvidas, uma força disruptiva que influencia não só as séries e filmes que assistimos, mas também ajuda a ditar como este tipo de conteúdo é exibido. Em meados de 2014, a empresa ajudou a inaugurar a era de streaming em 4K com sua série House of Cards.

Agora, seus principais executivos estão de olho em outro salto tecnológico: o HDR (High Dynamic Range). A Netflix está apostando no HDR como “a próxima grande coisa” na área de vídeos – maior ainda que o 4K. O YouTube, por exemplo, já ganhou suporte a vídeos gravados em HDR. A técnica, cuja sigla em português significa “alto alcance dinâmico”, melhora a qualidade das imagens e as torna mais naturais por meio de um aumento no contraste entre as cores, criando cenas mais realistas e naturais.

Mas, afinal, por que essas gigantes do streaming estão apostando nesta tecnologia? Será que ela vai pegar ou será o novo 4K, com pouco conteúdo e hardware financeiramente inacessível para grande parte das pessoas?

HDR versus 4K

As TVs 4K chegaram para substituir os dispositivos com padrão 1080p nas salas dos amantes de alta qualidade de imagem. Agora, o próximo passo para satisfazer quem espera mais definição em seu televisor. “Eu acho que HDR é visivelmente mais diferente do que o 4K”, disse Neil Hunt, diretor de produto da Netflix. “Nos últimos 15 anos, temos tudo muitos incrementos de pixels na tela e, pelo que vimos com as câmeras digitais, a contagem de pixels, eventualmente, deixou de ser interessante”.

O HDR significa adicionar mais profundidade e qualidade às imagens, que ficam muito mais brilhantes e vivas com a tecnologia. Esta tecnologia determina o que nós enxergamos entre o claro e o escuro, e é resultado de uma evolução em termos de resolução temporal (velocidade da imagem), da resolução de cor (maior gama de cor) e da luminosidade (range dinâmico).

E parece que isso é apenas o começo. “Não estamos nem perto do limite da gama de cores”, diz Hunt.

Se o HDR é tão incrível, por que nem todos estão apostando nele?

Tecnicamente, todo mundo está fazendo HDR. Eles apenas não conseguem entrar em um acordo sobre como fazê-lo, e isso está minimizando sua implementação. O HDR ainda não foi lançado em massa devido a padrões concorrentes (algo como Blu-ray versus HD DVD).

A falta de uma padronização para todas as empresas do setor – fabricantes de TV, serviços de streaming, emissoras de TV e estúdios de cinema – torna mais difícil empurrar o HDR para frente. É preciso definir os parâmetros finais da tecnologia para que toda a cadeia de produção se beneficie.

Tornando o HDR uma prioridade

Para ter uma experiência completa e descobrir do que o HDR é capaz, o conteúdo precisa ser filmado com a técnica adequada. A Netflix já afirmou que vai transmitir Marco Polo e Demolidor em HDR 10. “Existem alguns fabricantes que fazem TVs com tecnologia Dolby Vision que nós vamos certificar e estarão no mercado em breve. Dentro de um ou dois meses, vamos fazer o mesmo com TVs HDR 10”.

O executivo da Netflix prevê que 5% do conteúdo do serviço de streaming estará disponível em HDR em um ano, subindo para 20% em 2019 para todos aqueles que tiverem hardware capaz de suportar a tecnologia. A maioria das TVs atuais possui 400 nits de brilho, enquanto o HDR precisará ultrapassar consideravelmente este nível. Adaptar conteúdos já existentes para HDR é um desafio, pelo menos quando falamos de alcançar os mesmos resultados visuais.

“É como colorir um filme em preto e branco, onde o resultado será um pouco melhor, mas não será incrível. O mesmo se aplica ao HDR”, explica Hunt. “Você pode fazer isso com material mais antigo, algo que dará muito trabalho e não será algo de primeira classe, mas vale a pena fazê-lo para grandes produções. A grande melhoria é fazer tudo daqui para frente em HDR. O grande passo da Netflix este ano é que estamos filmando nossas séries originais com câmeras capazes de capturar toda a gama de cores e, em seguida, masterizar em HDR”, completa o executivo.

Via Digital Trends